
Não És Ovelha Negra. És Leão Ancestral.
Chamaram-te “a complicada”.
“A dramática”.
“A diferente”.
Aquela que não cala, que não encaixa, que não cumpre.
A ovelha negra da família.
Mas o que poucos dizem — o que poucos sabem nomear — é que por trás dessa rebeldia existe missão.
Missão de cura.
Missão de ruptura.
Missão de recomeço.
Bert Hellinger — o pai das Constelações Familiares — dizia que as chamadas “ovelhas negras” são, na verdade, leões.
Não são o erro da linhagem.
São o antídoto.
As Vozes Que Não Se Calaram
Desde pequena que sentiste que havia algo… errado.
Nas regras.
Na moral.
No silêncio.
O que para os outros era “normal”, em ti provocava urticária:
– o sacrifício das mulheres,
– os segredos varridos para debaixo do tapete,
– as violências transformadas em piadas de família,
– o amor que mais parecia dívida.
Tu não aguentavas.
Não conseguias compactuar.
Não conseguias calar.
Chamaram-te ingrata.
Eras apenas lúcida.
A Raiva Como Forma de Amor
Há quem acredite que o amor é aceitação cega.
Mas às vezes, amar é interromper o ciclo.
A tua raiva era amor que se recusa a repetir.
Era amor que não quer mais ver uma filha a morrer em vida como a avó morreu.
Era amor que não se resigna a chamar de “destino” o que é só ferida transmitida de geração em geração.
Tu não repetiste.
Pagaste o preço.
Foste chamada de egoísta.
Foste excluída, ironizada, temida.
Mas ao quebrar, abriste espaço.
A tua ruptura foi janela.
A tua insubmissão foi arejamento.
A tua teimosia foi replantar.
O Custo de Ser a Primeira a Dizer “Basta”
Quem rompe com a repetição paga um preço.
E esse preço é solidão.
Não há manual para ser a primeira mulher que não se cala.
A primeira que não aceita bater no filho.
A primeira que diz “não me caso assim”.
A primeira que pergunta “e se eu quiser outra coisa?”
A primeira que investe na sua terapia — não por estar “doente”, mas por não querer mais adoecer.
Esse lugar é duro.
É também sagrado.
Não te deram medalhas.
Deram-te culpa.
Mas eras tu que tinhas de vir.
Para parar a dor.
Para devolver vida às raízes.
Tu És o Galho Que Floresce
Diz Hellinger:
“As que não se adaptam, as que gritam rebeldia, cumprem um papel básico dentro de cada sistema familiar; elas reparam, desintoxicam e criam um novo galho florescido na árvore genealógica.”
A tua desobediência é fértil.
A tua diferença não é defeito.
É a condição da renovação.
Tu não vieste para repetir.
Vieste para restaurar.
Para transformar o “sempre foi assim” em “a partir de mim, não mais”.
E isso, minha querida, não é fracasso.
É herança consciente.
Cuidar da Tua Raridade
Há dias em que vais duvidar.
Vais querer ser igual.
Vais desejar só pertencer.
Mas a tua alma não foi feita para encaixar em moldes antigos.
Foi feita para criar um novo desenho.
Cuida da tua raridade como quem rega uma flor que nunca ninguém viu.
Não a mutiles para caber em vasos que sempre foram demasiado pequenos.
A tua diferença é o antídoto para o envenenamento sistémico.
A tua voz, por mais trémula, é tambor que acorda os ossos dos que vieram antes.
A tua liberdade é o que os teus avós não souberam pedir.
A tua inteireza é o que as tuas tias sufocaram a vida toda.
O teu corpo a dizer “não” é a fronteira que faltou a gerações.
És o Sonho Realizado dos Teus Ancestrais
Eles talvez não entendam.
Talvez te olhem com desconfiança, medo, crítica.
Mas, em silêncio, há um descanso na linhagem quando tu rompes.
Como se finalmente alguém tivesse tido coragem de ir onde todos queriam — mas não puderam.
Tu és o elo que faltava.
O corpo que disse “chega”.
A alma que se recusou a aceitar como “normal” o que só era dor organizada.
Não és ovelha negra.
És leão de raiz e coração em chamas.
És o grito que faltava.
És a possibilidade que renasce.
Se Sentes Que Este Caminho É Teu — Vamos Falar
A psicoterapia pode ser o lugar onde a tua rebeldia encontra linguagem.
Onde a tua dor se transforma em força.
Onde a tua voz não é julgada — é escutada com a dignidade que merece.
Se sentes que foste “a diferente” toda a vida — mas já não queres continuar a caminhar sozinha —,
marca comigo.
É para isso que estou aqui.
Deixe um comentário